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Descolonizar o prato

frutas no mercado

Se você olhar pra mim (pele quase transparente, sardas e cabelo ruivo), já deve tirar algumas conclusões sobre as origens dos meus parentes. Pois pra sua informação, não tem ninguém da Irlanda, Alemanha e afins hehehe.

Meu avô paterno é português, não descendente, português de Portugal mesmo. Veio com 20 anos pro Brasil “tentar a vida”. Minha avó paterna é brasileira, de pais brasileiros também, mas tem uns parentes distantes espanhóis. O pai dela, meu bisavô, teve um filho com uma empregada negra, que nunca assumiu e nós fomos todos proibidos de conviver por motivos de RACISMO. Da parte da minha mãe, a coisa já vai ficando mais diversa. O pai dela tem uns parentes que vieram da ilha de Açores, em Portugal, mas dizem que também tem “bugres” na família. Não sei se você lembra, mas “bugre” é a palavra pejorativa pra citar “indígena”. Já minha bisavó materna ostentava olhos azuis, mas fofocas familiares dizem que ela tinha primos negros, que o marido não deixava conviver porque também era racista.

Só que não foi apenas os traços europeus no sangue que ditaram os meus hábitos alimentares. O lugar onde eu nasci influenciou demais também: Santa Catarina. Não sei se você já pisou aqui alguma vez, mas já deve ter ouvido algo na televisão e tal. Sempre que falamos dessa terra, as referências são Oktoberfest (me perdoem, conterrâneos, mas é o cúmulo da cafonice), boi de mamão (uma espécie de folclore dos açorianos), e o Guga, o tenista. Ainda bem que temos o Guga. E espero que ele não seja bolsominion também.

Enfim, se você passear por Santa Catarina vai sentir como se os imigrantes europeus já tivessem aqui há 2 mil anos. Não há qualquer referência na nossa cultura aos povos Guarani, que habitavam e ainda lutam pra habitar esse lugar (Demarcação já!) e os africanos, que foram trazidos sem escolha. Nada. Antonieta de Barros, a primeira deputada estadual negra do Brasil, é catarinense. E eu não lembro de ter estudado nada sobre ela no colégio, por exemplo.

Em resumo, a galera aqui tem orgulho da influência europeia, orgulho do embraquecimento da população e do apagamento histórico que fazemos todos os dias. Não se questiona naaaaada! Orgulho de ter a maior plantação de maçã do país, fruta europeia, dos quitutes preparados pelos descendentes de imigrantes, como o queijo “colonial”, a manteiga “da colônia”, a nata, o chucrute, a cuca de banana, e muito pão. Pão, pão, pão pra todos os lados.

Já adulta, isso tudo começou a me incomodar quando visitei Pomerode pela primeira vez. A cidade fica do lado de Blumenau e é lindíssima, toda florida, a delegacia parece uma pousada, mas é a cidade “mais alemã” do país. E todo mundo tem muito orgulho. Quando pisei lá, eu pensei imediatamente: quantos territórios indígenas foram destruídos aqui e quanto sangue preto foi derramado nessa região pra termos uma cidade assim tão fofa? Não custa lembrar: nós temos 12 quilombos aqui no estado.

A história do Brasil não é uma história de miscigenação. É uma história de violência. Muitos povos foram perseguidos, violentados e dizimados pra dar origem ao que somos hoje. E é por isso que eu comecei a pensar a alimentação como mais uma ferramenta de apagamento histórico. Não dá pra dizer que a nossa comida é linda e super “miscigenada”. Porque todos sabemos que o peso das culturas é diferente. Não dá pra comparar os tupinambás com os portugueses nessa balança. Os portugueses sempre vão predominar, porque representam a cultura dominante.

Os europeus trouxeram tudo o que a gente mais valoriza na mesa: o trigo, as carnes, os laticínios, os tipos de corte, as técnicas, as sobremesas, os ovos. Os ingredientes que remetem às culturas indígenas e afrobrasileiras, como o milho, a mandioca, o coco, o feijão fradinho, o quiabo, etc, a gente chama de comida “de pobre”, de “rua”, de “herege”.

É por isso que não temos escolha. Todo ser vivo nascido no Brasil tem a obrigação histórica de contribuir pra essa reparação. Não, não precisa deixar de comer pão, vinho, etc. O que eu tô querendo dizer é passou da hora da gente valorizar os ingredientes e receitas não-europeias. Pra piorar, a gente ainda tem a mais recente influência dos Estados Unidos, né? Com sua obsessão por dietas, pelos alimentos ultraprocessados e enlatados.

E teve uma conta no Instagram (que tem um blog também) que me ajudou a entender tudo isso aí melhor, a ver que eu não tô maluca: a coletiva Dhuzati, criada pela Monstra Animalista, que prefere não se identificar além disso.

A gente se conheceu em Recife, no ano passado, durante o Encontro Nacional da União Vegana de Ativismo. E, finalmente, pude não só ouvir ao vivo as palavras super combativas dessa pernambucana maravilhosa, como provar suas tortas descoloniais e antiespecistas. Uma imensa delícia.

Não tinha como chamar outra pessoa pra puxar essa discussão aqui comigo! Impossível encontrar alguém que fale com tanta segurança sobre a necessidade, urgência e importância da gente descolonizar a nossa alimentação! Descolonizar tudo, na verdade.

Segue, abaixo, a entrevista que fiz com ela. E não deixa de acompanhar o trabalho dela no blog, nas feiras e no Instagram. Ela também participou do episódio #44 do podcast Outras Mamas. Confere lá! Ah! Prepare-se porque suas palavras vão fritar a sua cabeça e você nunca mais vai enxergar o mundo da mesma forma! Pode confiar!

O que você cresceu comendo?

Basicamente comida de panela, arroz, acarajé, cuscuz, macarrão, feijão, banana, laranja, abacaxi, araçá, creme de legumes, sopa de feijão, manué, beiju. Quando muito pequena não era muito fã de macaxeira, batata doce e inhame. Preferia o pão ou cuscuz pra jantar, vitamina de banana de café. Salsicha, miojo, laticínios e embutidos também sequestraram meu paladar, mas foi fácil desapegar.

Como a colonização influencia aquilo que a gente come?


A colonização instituiu não só o que comer mas sobretudo como comer. Essa coisa de três refeições por dia é algo muito civilizado e branco, que diz respeito a um modo de como as pessoas estão organizadas no ambiente que vivem e como se dá a construção do mundo! Agora, pra começo de conversa, é possível a gente pensar em pelo menos duas perspectivas pra colonização: a europeia pela rota do atlântico que conhecemos e que você se refere na pergunta, e a que fundou as civilizações a partir do advento da agricultura, da domesticação e exploração dos animais não-humanos e do controle da reprodução.

É importante desmistificar a agricultura que muitas vezes é romantizada como algo puro, que representa ligação com a natureza, fertilidade e várias outras babaquices civilizadas e perceber como ela está associada ao aumento populacional, à emergência de elites representantes do divino e a escravidão. É claro que a história não é linear, tampouco universal e existem muitos exemplos não-brancos que são importantes, como o cultivo de leguminosas sem a vinculação com a exploração animal em comunidades de África e em povos de Pindorama – designação dada pelos tupis-guaranis ao território tomado pelo Estado brasileiro. Enfim, creio que a colonização europeia alienou nossa visão sobre comida e consequentemente sobre a pluralidade de experiências alimentares que vários povos desenvolveram ao longo do tempo, sobretudo os que não faziam o uso do fogo como premissa tão básica para comer.

O que o veganismo tem a ver com o processo de colonização?

Atualmente estamos numa crise muito profunda com o termo veganismo. Como coletiva que tem na sua história um protagonismo negro, sexodissidente e de pegada anticivilizatória, a problematização deste termo vem localizá-lo como uma contradição perversa e alienadora da branquitude. Isto é, depois de dizimar inúmeras experiências de relações de respeito que vários povos tinham com o meio e com os bichos, a própria branquitude que criou a separação moderna de humano x animal que temos hoje, vem oferecer a solução através de uma religiosidade bizarra e uma concepção de pureza higienista como sugere Pitágoras e Tolstoi, por exemplo, que joga com as lógicas de superioridade e supremacia.

É um esquema filosófico herdeiro do genocídio, da escravidão e baseado em mecanismos de apropriação de uma maneira muito desonesta e cruel. A própria ideia do veganismo em si traz um marco colonial muito forte, sobretudo quando está associada a moral, sobre o valor do bom e do mal e não da ética política sobre as relações de poder estabelecidas. Dessa forma, vemos emergir várias barbaridades, como um veganismo urbanista, que só considera o consumo livre de ingredientes e testes, mas negligencia a premissa que a vida em cidades, inevitavelmente, é incompatível com a preservação de vidas silvestres e selvagens, além de desencadear uma superpopulação que conflitua com um equilíbrio populacional entre espécies.

Outra viagem é o moralismo vegano em que os adeptos se autointitulam representantes da mais verdadeira benevolência e justiça, assim como os brancos se intitularam representantes legítimos da humanidade. E o pior deles, o veganismo liberal, que dialoga com as duas anteriores e se estrutura pela indústria, tendo a petulância de chamar essa assimilação de estratégia e pretendendo preservar uma cultura alimentar capitalista, baseada num esquema de dominação pró lucro, que produz desejos através de reações químicas e psicológicas, dizima a autonomia dos povos, promove o que a Márcia Cris vem chamado de nutricídio e, sobretudo, sequestra a soberania alimentar das populações.

O que significa falar em “descolonizar o prato”?


Pensando numa perspectiva raiz, descolonizar o prato seria quebrá-lo, mas no sentido que a ideia ocidental e branca de prato individual que temos, data aproximadamente do século XVI, no território conquistado pelo Estado francês, substituindo tábuas, tigelas e grandes superfícies usadas para servir os alimentos. Ainda hoje em alguns lugares da África se preserva a tradição de comer com as mãos, sendo alguns alimentos como a injera, por exemplo, o próprio prato.

Mas pensando no que podemos fazer hoje e agora, se faz necessário pelo menos duas direções: a primeira é investigar e estudar sobre a comida em potencial que está ao nosso redor, as chamadas plantas alimentícias não convencionais, (não convencionais pra branquitude urbana, porque pra uma galera elas tem nome e estão na memória afetiva) é um bom início. Nós nos surpreendemos com a quantidade de comida descoberta ao redor de nosso lar que antes ignorávamos por não refletir sobre as políticas que cruzam a alimentação.

A outra direção diz respeito ao resgate ancestral e nossa criação em cima dele, a jaca, que foi introduzida no Brasil por volta do século XVIII, pela sua capacidade de reflorestamento é originária do sudeste asiático e as comunidades de lá comem verde e cozida há milhares de anos.

As pessoas pensam muito em colonização como qualquer coisa que vem de fora, mas esquecem que a colonização é sobretudo uma relação de poder e não apenas uma conexão com o estrangeiro. Desta forma a Dhuzati pensa descolonização alimentar através do resgate de técnicas e conhecimentos alimentares ancestrais que nos inspirem a criar nossas possibilidades no contexto do hoje com o que temos ao nosso redor, pensando sempre numa ética antiespecista, simplesmente porque não dá pra pensar descolonização alimentar colonizando corpos não humanos. A importância disso é as pessoas começarem a pensar e agir de forma autônoma, entender que alimentação é talvez o que temos de mais importante enquanto animais, e que precisamos tirar das corporações o controle sobre ela e começar a traçar nossos próprios conhecimentos e experiências através de um fazer político emancipatório que se inspire em práticas ancestrais.

Esses são exemplos de tortas vendidas em feiras pela coletiva Dhuzati: de acarajé (massa de acarajé assada); de falafel com ricota de gergelim; e de cacau com goiabada (feita com feijão fradinho ou macassar, como se fala em Recife, e leite de coco).

Quais são os alimentos mais consumidos no Brasil que valorizam as culturas africanas e indígenas?


Nossa, muita coisa que conhecemos na gastronomia internacional foi graças ao processo colonizador. Colocaram nomes de estados-nação europeus em nossos frutos e tubérculos, naturalizando o roubo e a expropriação das nossas riquezas. Tomate italiano e batata inglesa, por exemplo, são puras ficções alienadoras, já que ambos são nativos da América do Sul ou Abya Yala – termo que o povo Kuna denominou pra este território. Desta forma, o dendê, o milho, o quiabo, o inhame, o caju, o araçá, a macaxeira, a mandioca brava, o amendoim, o cacau, o jerimum, o feijão, a taioba, a batata doce, o tomate, a batata, entre outros, são alimentos que trazem consigo conhecimentos de povos de Abya Yala e de África. Embora hoje consumamos eles de uma maneira estritamente ocidental, salvo algumas exceções como presentes nas receitas do Acarajé, do Caruru, da Maniçoba, da Tapioca, do Beiju, do Manuê.

Quais são os alimentos mais comuns no Brasil que exaltam a influência europeia?


Ano passado fizemos um post nas nossas redes sobre a treta entre a polenta e o angu. Os africanos foram sequestrados pra cá e estão aqui há mais tempo que os italianos, certo? Pois então, quando os caras pálidas da península itálica vieram pra cá, com terras prometidas pelo governo brasileiro, porque os colonos fazendeiros não queriam pagar preto pra trabalhar na lavoura – na realidade queria que fossem mortos, seja assassinados, seja de fome – , já existia o angu, desde o final do século XVI.

Os iorubas, já hábeis em fazer um mingau com inhame, aprenderam muito provavelmente com os Guarani, que podia ser preparado também com milho. Mas quem ganhou mais visibilidade e entrou pra gastronomia? A polenta, feita com milho e tomates vindos do nosso território, tornando-se símbolo de um estado nacional europeu. Entende como o apagamento, o roubo e a apropriação são intrínsecos a atividade colonizadora? Mas também temos o pão, o consumo de massas em geral. E apesar de bichos não serem alimentos, a cultura de criação de gado e consumo de laticínios também tem esta influência europeia, além de várias receitas que são criações brasileiras, mas que faz a pagação de pau pros uaites, como a parmigiana e a bolonhesa.

Como você começou a juntar trabalho e ativismo?


Venho de uma formação anarquista, onde a reflexão e a construção da autonomia era postulado básico. Vivi o prazer de beber a cerveja que eu fazia e fazer receitas com frutas, verduras e ervas coletadas do lixo, colhidas de casa e de assentamentos e sítios aliados. Essa vivência revirou minha cabeça em mais de 360º. Como corpa sexodissidente só tinha conseguido emprego à noitw e estava cansada de todo o trabalho legal, ilegal e imoral que estava submetida. Isso não estava mais fazendo sentido.

Através da comida consegui construir uma fonte de renda que eu não tenha que me submeter aos desmandos dos escrotos que só querem sugar nossa energia física em prol de seu enriquecimento, enquanto ficam com o rabo numa cadeira bebendo e cheirando pó. Estruturei uma plataforma que pudesse inspirar outras pessoas e principalmente acolher pessoas sexodissidentes em situação de vulnerabilidade socioecônomica. No meio do processo também me conectei com minha ancestralidade e entendi que este ofício sempre esteve ligado à minha história enquanto pessoa negra. Então, o que estou fazendo é uma atualização do que minha avó e minha tia fizeram. Desta forma, dona de minha própria renda eu propago este fazer da maneira que faz sentido dentro da minha ética política e existência. Trabalho e ativismo são coisas que, no fazer da Dhuzati, não se separam. Nossa venda é sempre uma ação direta, aperta a mente dos carnistas, força a branquitude a redistribuir seu dinheiro, através da sedução, e ainda propaga contrainformação antissistêmica.

Como você explica as tortas que vende em feiras e eventos?


Cada torta rende 8 fatias, foi uma estratégia de otimização e também de desenvolver uma originalidade característica. Nós fomos a primeira iniciativa vegana a sobreviver do trabalho ambulante nas ruas em Recife. Quando começamos não tinha ninguém vendendo comida vegetariana. E a coisa acabou dando certo, crescendo, fazendo com que outras pessoas apostassem neste feito. Quem esteve ou está na Dhuzati também trabalha ou trabalhou com outras coisas, como esfirras, hambuguers e bolos, mas as tortas realmente foram um sucesso. Elas trazem o poder das leguminosas, são preparadas sem trigo e preservam técnicas de hidratação e tempero de grãos que é datado do Antigo Egito, ou Kemet, como eles mesmo se nomeavam.

Como é repercussão que o trabalho da Dhuzati recebe? E dos teus eventos, cursos e palestras? As pessoas reagem bem? Entendem que comida vai além dos ingredientes?


De modo geral, somos vistas como radicais ou ultrarradicais, mas eu nem acho que somos tanto, nossas referências são bem piores que nós. As reações são diversas. Ás vezes rola um deslumbre exoticista, às vezes uma admiração que implica respeito, às vezes um respeito que vira amizade, às vezes um repúdio e um desprezo típicos do recalque da branquitude e da cisheterossexualidade, às vezes um nojinho das higienistas, às vezes um afastamento de quem ainda tá muito preso a norma e às vezes um pouco de tudo.

Mas se tem algo que é recorrente é que sempre atraímos gente interessada em somar nas conspirações contra a hegemonia. Então funcionamos também como vírus contaminador e colônia (no sentido bacteriano) de insurgências. Creio que as pessoas compreendem bem nossa perspectiva, embora tenham algumas questões polêmicas porque são sobre uma quebra mais incisiva com as verdades higienistas, brancas e civilizatórias. Por exemplo, há uma recusa muito forte de entender a heterossexualidade enquanto tecnologia especista que permitiu a superpopulação do planeta e criação de cidades que exterminou vários tipos de vidas: silvestres, domesticadas, sem esquecer do povo negro e indígena.

Essa coisa da família e das crianças trazida pela moral heterossexual, tanto em termos de propagação do ativismo, quanto em termos de boicote, é um tabu dos grandes. Mas eu sinto que também nutrimos as pessoas de informação e até mesmo de perspectiva, sempre recebemos mensagens pessoais sobre o impacto que nossa contrainformação provoca e isto é bem estimulante e recompensador. Ainda não temos tanto haters, mas prevendo ações diante das posições que tomamos desativamos a parte de avaliações do Facebook pra evitar incômodos desnecessários, exposições conflitivas e nos poupar de ter que fazer xingamentos contundentes pra gente escrota.

2 respostas

  1. Tava pensado, enquanto lia, que a gente tinha que fazer uns cartazes, lambe-lambe, outdoor etc com as frases dessa entrevista e colar em todas as cidades do sul higienista e reprodutor de mentiras, pra ver se, assim, se consegue, ao menos, parar de reproduzir esse mito – de “comida e mesa farta” dos “alemães e italianos” daqui, que excluí e desvaloriza qualquer outro alimento que esteja fora dos padrões branco-europeus. Além de, claro, dessa construção sócio-econômica-social classificar, muitas vezes, a comida colonizadora como a única capaz de ser associada, em nossa memória afetiva, como boa e gostosa.
    Eu moro em São Leopoldo, considerada por muitos como a primeira cidade da imigração alemã, então imagina a cultura alimentar que rola por aqui, principalmente nas festividades municipais…
    Esses dias, também, fiquei nessa reflexão sobre a polenta, quando uma colega de trabalho disse que, por causa das “raízes gringas (italianas)” dela, essa era a sua comida preferida.
    Obrigada Ju (ó eu, bem intima) e Monstra Animalista, por essa reflexão! Vai me ajudar muito a rever minhas posturas pessoas e comunitárias.

  2. Que texto! Que texto! Sempre soube que o tomate é nosso mas nunca me dei conta do absurdo que é o glamour do “tomate italiano”!

    Apaixonada pela Monstra Animalista. Que coerência na fala. Espero comer essas tortas quando for ao Recife.

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