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Patê humilde de berinjela – R$ 1,44

travessa de madeira com pão e um pote com patê de beringela
Como quem não quer nada, citei esse modesto patê de berinjela num post do Instagram há uns dias atrás. Era tão fácil e simples que achei que ninguém fosse se interessar. Mas pra minha surpresa recebi uma enxurrada de mensagens de fãs incondicionais do patê, que ficaram hipnotizados com a possibilidade de ter algo pra passar no pão por menos de R$ 2

Essa receita é perfeita pra comer com pão, torradas, nachos, batatas assadas em rodelas…

Por isso, cá estou. Pra oficializar e dar vida à essa receita tão honesta. Não sei você, mas eu acho revolucionário a gente deixar de comprar essas pastinhas industrializadas.

Cozinhar, por si só, já é um ato revolucionário, ainda mais se for com ingredientes que NÃO exploram a mão de obra de algum trabalhador ou a vida dos animais. Se você que me lê for homem, faça pras mulheres da sua vida também. Liberte a sua mãe, filha, esposa, tia, avó, da obrigação de alimentar a família. 

Essa receita me lembrou outra coisa. Pessoas maravilhosas me convidaram pra participar da Vegfest, em São Paulo, com uma palestra sobre veganismo acessível. Trata-se da maior feira vegana da América Latina e terminou hoje, domingo. Mas, mesmo sabendo que dividiria espaço com tanta gente querida, politizada e crítica, eu resolvi recusar o convite. 

Não teria como bancar os custos da viagem pra SP e não acho coerente falar de comida vegana até R$ 10 para pessoas que podem pagar pelo ingresso caríssimo que dá direito à entrada no evento. Ingresso que eu não poderia pagar do meu próprio bolso. Além disso, sei do meu lugar de privilégio. Falo de comida acessível, mas continuo sendo mais um rosto branco e classe média. E não acho que mais um rosto branco e classe média deva compor a equipe de palestrantes. Neste ano, gente não branca e periférica subiu no palco do evento! Amém! Mas ainda é pouco.

Precisamos lutar pra que o assunto “comida saudável” não seja mais associado a um grupo restrito de pessoas. Precisamos lutar para o próprio movimento vegano, do qual faço parte, perca essa cara elitista e segregadora. Eu mesma demorei muito a me assumir vegana por vergonha de fazer parte de um movimento representado por pessoas que não me representam. Até que conheci a musa Sandra Guimarães, do blog Papa Capim, além de uma multidão de gente maravilhosa que me representa muito bem. 

Aliás, tem duas divas que me representam muito, a Babi e Thais. Elas fazem um trabalho incrível, por conta própria. O Outras Mamas é o primeiro podcast vegano e feminista do Brasil e eu tive a honra de gravar um episódio com as meninas. Se ainda não ouviu, clica aqui

Ainda volto pra fazer um post assumindo politicamente o meu veganismo e retomando esse assunto de comida acessível, mas agora vamos pra receita. 

Eu gastei R$ 1,44 no patê porque a berinjela entrou na época e aqui tá custando R$ 2,49 o quilo. Se você é um berinjelofóbico, pode fazer a mesma coisa com abobrinha, com a diferença de que vai precisar temperar mais. Afinal, berinjela tem muito mais personalidade que abobrinha. Sozinha, ela se basta. Já a prima da abóbora, leva desvantagem em sabor e precisa de coadjuvantes de peso, como azeitona, tomate seco, ervas aromáticas. 

Uma boa substituição pra essa receita seria a mistura de abobrinha, cebola roxa, hortelã e azeitonas pretas. Fica a fica. 

Outro ponto maravilhoso dessa receita é que não exige nenhum equipamento. Então ela alcança um nível de acessibilidade ainda maior!!!

Ingredientes
⠂2 berinjelas grandes com casca (cerca de 500g)
⠂4 dentes de alho sem casca
⠂1 limão
⠂pimenta do reino a gosto
⠂sal a gosto
⠂azeite a gosto

As folhas de manjericão da foto são apenas uma firula. Nessa versão, temperei da forma mais simples possível. 

Como eu fiz
Lavei as berinjelas, cortei fora o pedacinho da bunda e a cabeça dela. Fatiei o que sobrou em rodelas grossas. Numa panela de cozinhar legumes no vapor (pode ser cuscuzeira), coloquei as fatias de berinjela e o alho descascado. Deixei cozinhando com tampa até desmanchar. Quando vi que já tava tudo bem molinho, transferi pra um prato fundo e amassei tudo com um garfo até ficar numa consistência de patê. Acrescentei sal, o suco do limão, um pouco de pimenta e um fio de azeite. Misturei mais um pouco e pronto. Deixei esfriar e guardei na geladeira num pote com tampa. 

Sugestões: pode acrescentar tahine (pasta de gergelim), folhas de manjericão fresco picadas, cebola, azeitona, ou o que quiser. Eu prefiro essa versão bem simples, mas já fiz mil vezes com ervas frescas. Dona Neide Aparecida, minha mãe, também faz com o alho refogado em vez de cozido no vapor. Também fica incrível com a berinjela defumada. Em vez de cozinhar no vapor, espeta um garfo na berinjela e fica segurando na boca do fogão e girando, até todos os pedaços estarem cozidos por dentro. Nessa versão, a casca precisa ser descartada. 

Duração: não faço a menor ideia porque aqui em casa nunca durou mais do que três dias. A gente come muito rápido. 

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