
Sua relação com a comida é saudável?
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Você não precisa se sentir culpado por escolher o chocolate! |
Pra ajudar todo mundo a repensar a sua relação com a comida, fiz a entrevista abaixo com a Nutricionista Débora Bottega, eterna parceira desse blog. Atentem para esta frase maravilhosa da Débora, que resume tudo:
“Não existe alimentação perfeita e a busca por algo que não existe sempre resultará em frustração e em uma relação ruim com a comida”.
Vamos parar de loucura, de trocar o tradicional arroz com feijão por uma vitamina de whey protein ou de outra coisa que não tem nome de comida! Vamos voltar a olhar pro purê de batata e enxergar apenas um purê de batata, ok?
2 ⠂O que significa ter uma relação saudável com a comida?
Dividir os alimentos em permitidos e proibidos é uma visão minimalista. É resumir algo complexo demais para ser resumido. Gera culpa, aumenta o desejo pelos alimentos proibidos…
Comer de forma intuitiva nos aproxima muito mais de uma boa relação com a comida e de uma alimentação saudável sem tanto sofrimento e restrições. Para alcançar isso precisamos nos conhecer, prestar atenção nos sinais que o nosso corpo dá e respeitá-los. Claro que para chegar aí existe um caminho a ser percorrido. Engloba reeducação do paladar, correção de deficiências nutricionais, seleção dos alimentos, cuidado com a hidratação, exercícios, sono, tratamento da ansiedade, etc. Envolve buscar equilíbrio, vários profissionais da saúde podem ser facilitadores desse processo: nutricionista, psicólogo, educador físico, médico.
Imagino e espero que toda a sociedade esteja em busca dessa resposta. Não existe um único caminho ou responsável pela situação de terrorismo nutricional que estamos vivendo. Sem dúvida, os profissionais de saúde, a mídia e as redes sociais exercem um papel nessa transformação. A sociedade que consome tudo isso precisa selecionar ao que assiste, quem segue, ter uma visão critica de tudo que chega.
Os nutricionistas precisam ter cuidado com o que falam e prescrevem, a forma que é falado e prescrito, e também a forma que são ouvidos. Cada pessoa interpreta de uma maneira diferente orientações nutricionais e é importante acompanhar a evolução, não só de parâmetros como peso, cintura, percentual de gordura, exames laboratoriais, mas também se as mudanças dos hábitos estão ocorrendo de forma natural, se a relação com a comida está de fato melhorando. Por outro lado. os pacientes precisam se sentir à vontade para expressar seus pensamentos e sentimentos em relação a tudo que está acontecendo e que está sendo discutido.
Além disso, o que é uma alimentação saudável? Sabemos que é baseada no consumo de alimentos in natura, de preferência orgânicos, variados, livre de contaminação, etc. Mas não se sabe ao certo qual é a valor calórico exato recomendado para cada pessoa, ou sequer qual é a distribuição perfeita de carboidratos, proteínas e gorduras de que necessitamos. Então qual é o sentido de ser tão radical na direção de algo que na verdade é flexível? Não estou dizendo que se pode comer qualquer coisa em qualquer quantidade, mas que talvez o caminho esteja mais no sentido de aprender a reconhecer suas necessidades, que podem variar de um dia para outro, de uma fase da vida para outra. Se tivermos hábitos de vida saudáveis, nosso corpo terá capacidade de lidar com uma refeição menos saudável se ela não for a regra.
Em 2014, foi lançado pelo Ministério da Saúde um belíssimo Guia Alimentar que cita a regra de ouro pela alimentação saudável: “prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados”. Esse mesmo governo que orienta uma alimentação mais natural, aprova uma infinidade de aditivos alimentares, agrotóxicos, publicidade infantil de alimentos ultraprocessados, gordura vegetal hidrogenada e outros ingredientes de péssima qualidade nutricional. Então fica mais ou menos assim: eles aprovam agrotóxicos e alimentos ultraprocessados e depois orientam a população a não utilizá-los e ainda a culpa pelas consequências desse consumo. É muito injusto.
5 ⠂ Com pouca ou nenhuma ingestão de carboidrato é possível ter saúde?

O preparo das leguminosas

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6 Comentários
brunagp
Muito bom, ótima entrevista!
Franciele
Estou fazendo um curso técnico de nutrição e sei que mesmo só podendo dar orientações gerais (não específicas), vou ter uma responsabilidade enorme. Vou compartilhar essa entrevista maravilhosa com os colegas, acho que isso é de utilidade pública, ainda mais pra quem vai influenciar pessoas. Parabéns e obrigada por trazer esse conteúdo incrível pra cá <3
Comida Saudável pra Todos
Esclarecedora, né? Tenho lido pelo menos uma vez por semana hehe
Comida Saudável pra Todos
A responsabilidade é grande, né, Franciele? Principalmente com todo mundo querendo se passar por nutricionista hoje nas redes sociais e muitos profissionais formados, inclusive, fazendo terrorismo com as pessoas. O teu desafio é grande, mas por isso também é mais divertido. hehe Isso! Compartilha com todo mundo sim! Fico muito feliz! Beijocas
Unknown
Muito bom! me identifiquei em muitas partes dessa entrevista. Estou em busca de uma alimentação saudável e consciente, depois de tanto tempo de compulsão e transtornos alimentares , sei que o caminho não é fácil e que a mudança tem que começar primeiro por dentro mas aos poucos eu chegando lá!
Estou aprendendo ao ouvir meu corpo, atender suas necessidades, sem culpa e sem medo. Afinal, por que eu deveria me sentir culpada por fazer algo que me mantém viva?
muito obrigado por essa entrevista, me esclareceu muitas coisas!
Comida Saudável pra Todos
Fico muito feliz, Gabs!