
Roteiro de viagem – Porto Alegre
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O motivo da minha ida a Porto Alegre foi dar 2 cursos em parceria com essa mulher maravilhosa, a Bruna de Oliveira, rainha das PANCs. |
E acho interessante que essas comidas que remetem aos colonos europeus são coisas híbridas, que misturam um pouco da bagagem que eles trouxeram da Europa com o que foram encontrando aqui no Brasil. Mas, o excesso de carne que os imigrantes passaram a comer, por exemplo, nunca foi uma herança da sua terra natal. Um exemplo é o molho bolonhesa, criado pelos imigrantes italianos que povoaram os Estados Unidos. Uma coisa bem “típica” em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul é a cuca de banana, super tradição nas famílias descendentes de alemães. Mas isso não existe na Alemanha.
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Conheça o Aurora Restaurante Antiespecista. |
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Nessa dia, a Bruna e as meninas da Crioula Curadoria Alimentar assumiram a cozinha e preparam esses matos revolucionários pra gente! |
Já no fim de semana, abri os trabalhos da forma mais deliciosa do mundo: caçando comida na Feira Orgânica da Redenção, que acontece todo sábado. Acho que nunca pisei numa feira tão incrível, com tanta diversidade e preços acessíveis. Eu já sabia que ia encontrar muita farinha orgânica porque as produções de orgânicos são grandes no Rio Grande do Sul. O que não passa de uma grande ironia, já que estamos falando de uma terra entupida de soja transgênica e ruralistas. Mas ainda assim me surpreendi horrores e, se tivesse tempo, passaria muitas horas lá. Só cuidem com as plantas medicinais porque uns moços me venderam tudo errado! hahaha Comprei um maço achando que eram folhas de murta e logo depois descobri que eram folhas de jabuticaba. Afff!
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A variedade de grãos e cereais na feira é imensa! |
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Ainda não superei esses preços! |
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Chupa, Monsanto! |
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Se não tem feijão, não é feira hehehe. |
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Nunca tinha visto castanha orgânica pra vender! |
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Prazer, flor do alho poró. |
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Estamos na terra do arroz orgânico, né? |
Depois da feira, continuei a orgia gastronômica no mercado local. O mercado de Porto Alegre pegou fogo há uns anos e o 2 andar continua fechado. Os restaurantes que ficavam lá em cima passaram pra baixo, bem apertadinhos uns nos outros. Eu almocei no Taberna, que oferece feijoada vegana aos sábados e uns bolinhos maravilhosos. Comi um de feijão com recheio de couve e outro de jaca. Ainda sigo chocada com os preços. A feijoada custa R$28 e a gente comeu em 3 pessoas, completando a fartura com os bolinhos, que custam R$8 cada e são imensos. O lugar não é vegano, mas tem uma infinidade de opções. Não tirei foto de nada porque tava suando de fome. hahaha Não deu tempo.
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A Taberna, onde almocei, é só esse corredorzinho! Vale super a pena pelo preço e pra forrar o estômago com comida brasileira sem bicho.
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É tudo comida sem veneno, produzida de forma justa e na região. |
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Depois do almoço, rolou a primeira turma do curso Comida Política com esse pessoal querido aí, no lugar que funciona como refeitório da loja da reforma agrária. |
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E essa foi a turma de domingo, cheia de gente afrontosa, inteligente e de saco cheio de comer veneno. |
Só que, vamos ao momento crítico: as comidinhas da feira era uma delícia, mas ainda naquele esquema de comida de fora, beeeem influenciada pelos Estados Unidos: hambúrguer, brownie e afins. Não culpo os feirantes porque eles, obviamente, precisam vender e as pessoas quase sempre buscam esse tipo de comida. Bora começar um movimento de pedir comida vegana brasileira nas feiras?
O Brasil é isso, né? Quando a gente não tá lutando pra parar de comer veneno, a gente tem que lutar pra que as mineradoras não espalhem sofrimento, nem sequem a nossa água, nem despejem metais pesados na nossa cara. Se essa Mina Guaíba, da empresa Copelmi, for aprovada, será a maior mina de carvão do país.
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O Felipe e a Amanda são meus amigos há eras e me hospedaram nesse viagem! 🙂 |
E, se você não conhece o trabalho da @brunacrioula, é melhor resolver essa pendência logo. Ainda não digeri tudo o que aprendi com essa mulher. Foi uma aula de Plantas Alimentícias Não Convencionais atrás da outra, um conceito mais politizado de ecologia, um banho de conhecimentos que a gente não encontra em livro nenhum não! Mas isso é papo que continua no Instagram. hahahaha
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Ficam de lembrança também os matos maravilhosos que as meninas da Crioula Curadoria Alimentar prepararam pro nosso curso! |