Me chamo Juliana, tenho 33 anos e sou uma cidadã brasileira cansada de milho transgênico, agrotóxicos na água, florestas queimadas e de ser engana por embalagens do supermercado ou por modismos alimentares.
Também sou uma catarinense que não aguenta mais essa exaltação louca à cultura europeia. Eu quero que a minha comida conte outras histórias, que não sejam as da colonização. Histórias que remetem à farinha de mandioca, à jabuticaba. Já deu de pão com manteiga e creme brulee, gente, pelo amor da deusa! De brownie, cookie, hambúrguer e temaki low carb também. Além de super colonizado, isso tudo é o cúmulo da cafonice, né? Vamo combinar.
De formação eu sou jornalista, mestre em educação e me considero uma pesquisadora enlouquecida por informações sobre a relação entre comida e política. Também sou podcaster no Jornal do Veneno e dou cursos/palestras.
Já fui a pessoa que catava a salsinha do prato, aquela que temperava a carne do churrasco, depois entrei na noia das dietas, e já gastei o meu rim em óleo de coco. Hoje sou uma vegana anticapitalista, evito ultraprocessados, cozinho a maior parte da minhas refeições e me jogo numa travessa de moqueca de caju sem culpa.
Pra mim, o veganismo foi consequência da busca por uma vida com mais coerência e posicionamento político. Meu trabalho, se eu tivesse que resumir, é defender um conceito mais abrangente de alimentação saudável, que respeite o trabalhador, os animais, a terra e a nossa história. E, claro, uma alimentação que não esteja à serviço de encher o bolso de grandes empresas.
Ah! Eu também chamo ultraprocessados de “substâncias comestíveis”, “bowl” de cumbuca e não acho que o agro é pop! Pelo contrário. Floresta é pop. Agro é destruição.