Toda essa parte política da alimentação me tirou bastante a vontade de cozinhar, sabia? Me deixou exausta, com ganas de comer apenas pipoca, arroz e feijão.
Mas acho que cozinhar em si já é bastante revolucionário, principalmente em tempos de ifoodzação da comida, pacotes de substâncias comestíveis, dietas malucas. E agora na quarentena, com esse rolo de coronga, máscara, isolamento, sem restaurantes, com um imbecil na presidência que não cansa de nos surpreender, tenho feito as pazes com as panelas.
Voltei a consultar os livros, em busca de inspirações, não medidas, blogs, e ando espiando uns programas de TV que tão disponíveis no Youtube.
Entre a imensa bobajada culinária na televisão, eu continuo com paciência apenas pro Felipe Bronze, que dá uma aula de como preparar vegetais das formas mais incríveis, dando um olê nos chefs veganos, inclusive. Se ele não cozinhasse tantos bichos acho que seria meu programa preferido, mas do que a novela das 9 que tá suspensa e por quem tenho sofrido de abstinência.
Enfim, nada do que escrevi até agora tem a ver com a receita de hoje. Pra você ver como ando bem maluca e com MUITA SAUDADE de escrever imensos textos, que não cabem no Instagram. Mas vamos lá.
Aqui em casa a gente come macarrão pelo menos umas 2 vezes por semana por motivos de gostar muito e por praticidade. Lúcio Carlos cresceu com a avó fazendo macarrão caseiro e eu não tenho nenhuma ascendência italiana, mas ofereço um rim por um espaguete.
Espaguete é o tipo de massa que mais chances tem de ser naturalmente vegana. Eu compro de uma marca italiana que não vou divulgar porque não me patrocina, mas que fica ali no meio termo de preço entre as marcas medíocres e as super gourmets.
Agora, apesar da paixão por massa, a gente nunca concorda no molho. Lucio ama funghi seco ou molho de tomate. Toda e qualquer variação de reportório é motivo pra reclamações.
Como a gente reveza o fogão, deixo esses dois molhos pra ele e quando tô no comando invento outras coisas. Afinal, quem cozinha é quem manda e não tem conversa. hahahaha
Gosto de fazer molho branco, da receita abaixo, com espinafre então, fica um sonho dos deuses. A sensação ao comer é como se a gente esquecesse da trupe que comanda o Brasil nesse triste momento. Também amo fazer uma berinjela picante, molho pesto, ou um de abacate e gergelim preto, abobrinhas hortelã e limão e assim vai.
A tal de bolonhesa de lentilha acho meio estranha. Ela tem um gosto terroso que não combina muito com macarrão, na minha humilde opinião. Acho que casa melhor com polenta, por exemplo. Prefiro fazer bolonhesa com PTS de soja não transgênica mesmo.
Enfim, molho branco é um molho clássico da culinária europeia, onde tudo gira em torno de leite, parmesão e manteiga. Aquele marasmo pavoroso que a gente já conhece. hahahaha Pra começar o molho, os soberanos fazem uma misturinha de farinha com manteiga, a tal da roux, que é quem engrossa o molho. Depois eles jogam leite gelado, misturam bem com aquele batedor de arame, pra farinha não empelotar, e temperam com cebola, alho, noz moscada e pimenta do reino. O tempero varia, mas noz moscada sempre marca presença.
Eu não gosto de fazer versões veganas pra tudo. Prefiro explorar coisas que já existem naturalmente na nossa culinária e já não levam ingredientes animais. Mas não vou ser hipócrita aqui e dizer que não sinto vontade de comer coisas que comia antes. E molho branco é um sonho, com um sabor bem sutil e leve. Eu amo.
Pra uma versão vegana, ninguém é melhor que castanha de caju. Na verdade, se o mundo conhecesse o potencial da castanha de caju ninguém cozinharia com leite de vaca ainda. Maaaas, a nossa castanha vai quase toda pra exportação e custa milhões por aqui. Em Floripa, por exemplo, tá em torno de R$ 79,90/kg. Surreeeal! Surreal ainda mais quando se trata de um ingrediente NATIVO.
Por isso, eu só compro pouca castanha e uso em geral pra comer pura mesmo ou finalizar algum prato. Se você tiver uma poupança abastada, faça essa receita aí de baixo com castanha de caju crua, tá? É de chorar de tão boa!
Vou recomendar 2 versões mais acessíveis então. Uma com farinha e outra não. E a nossa base vai ser as sementes de girassol sem casca, que são encontradas em lojas de produtos naturais e até em alguns supermercados. Eu costumo pagar em torno de R$ 19/kg.
Versão 1 – a clássica
1 litro de água fria
1 xícara de semente de girassol sem casca
3 colheres de sopa de azeite
3 colheres de sopa de farinha de trigo
1 cebola média picada em cubos
1 folha de louro
sal a gosto
MUITA noz moscada ralada na hora
folhas de tomilho fresco
pimenta rosa pra finalizar (opcional)
Como fazer: Bata a semente de girassol com a água no liquidificador e passe esse líquido numa peneira se quiser um molho mais liso e homogêneo. Eu faço dos dois jeitos. Depende da preguiça. Numa panela, refogue a cebola no azeite com o tomilho. E quando tiver dourada, acrescente a farinha. Mexa bem. Traga o leite de semente de girassol pra jogo, mexendo bem pra não empelotar. Tempere com sal e deixe ferver no fogo baixo até engrossar, cuidando pra não queimar o fundo da panela. Desligue o fogo, acerte o sal, acrescente a tonelada de noz moscada ralada na hora, tchau e bença. Na hora de servir, polvilho pimenta rosa por cima, pra dar uma abrasileirada no prato.
Para uma versão sem farinha de trigo
Em vez de usar 1 xícara de semente de girassol pra fazer o leite, use 1/2 xícara de girassol e 1/2 de aveia. Passe na peneira. Aí é só fazer o mesmo processo, pulando a parte da farinha. Essa versão fica pronta mais rápido, mas eu acho que a outra ganha em sabor. A aveia vai engrossar o caldo, como se fosse um creme de leite, sabe? Mas ela não tem gosto de nada. Então capriche nos temperos!
Uma resposta
Obrigada pela terceira , amei!