Como começar uma rotina saudável

eu segurando um coco seco
O post de hoje é uma resposta a vários pedidos do Instagram, principalmente de uma seguidora recente, a Adriana, que me escreveu: “pelo amor de deus, me ajuda a me organizar pra ter uma alimentação mais saudável”. 
 
Mas vou ser bem direta: não existe uma receita, tá? Nem um manual, muito menos um botão que a gente aperta e vira os “senhores da comida saudável”. Não é assim que funciona porque cada vida é uma vida, cada corpo é um corpo, cada rotina é uma rotina, cada região é uma região. Então, esse post não vai ser um mantra pra você ler, seguir exatamente a risca e ser feliz. A chave de tudo tá em você se descobrir mesmo, descobrir o que te faz bem e o que faz sentido no teu dia a dia
 
Mas é claro que há algumas pistas pra gente discutir aqui. Vou contar um pouco da minha vida e da minha rotina alimentar com base nos meus hábitos, tá? E vamos ver o que você consegue adaptar pro teu dia a dia. 
 
Antes de começar, quero te lembrar de ler alguns posts que vão ajudar nessa empreitada: 
 
1. Esse post aqui dá algumas dicas de produtos bem acessíveis pra sempre ter no armário da cozinha e não passar perrengue. 
 
2. Esse post aqui ensina umas estratégias pra economizar tempo na cozinha. 
 
4. Esse bonitão aqui tem a lista dos vegetais da estação mês a mês, pra você consultar a hora que quiser e comer sempre comida fresca. 
 
5. Nesse texto aqui, você encontra dicas de como usar temperos e ervas aromáticas no dia a dia. 
 
6. Nesse aqui, que eu fiz pro blog da Cristal, o Um ano sem Lixo, você encontra dicas de como gerar o mínimo de resíduos na cozinha. 
 
Fazer leite de coco caseiro ou outros leites vegetais é um dos meus hábitos preferidos. 

Agora vou dar o contexto da minha vida pra você entender os meus hábitos, tá? Eu moro num bairro longe de tudo, fica a 50km do Centro de Floripa. Consigo comprar vegetais frescos aqui, com poucas opções de orgânicos, e tem umas lojas de produtos naturais também, que são meio caras. Eu trabalho de casa, mas viajo bastante, quase toda semana. Então, minha rotina se resume a passar o dia inteiro em casa ou alguns dias inteiros fora de casa. Quando eu tenho aula da faculdade, durmo na casa minha mãe, que fica mais perto. Em resumo, minha vida é uma grande bagunça. 
Compras
Pra começar, não tem como cozinhar com geladeira e despensa vazias. Ir ao supermercado toda vez que der fome é insustentável, e você vai acabar caindo no conto do miojo ou do delivery se não tiver um estoque mínimo de comida em casa. Aqui, por exemplo, a gente sempre tem espaguete, azeite, óleo, açúcar mascavo, arroz, farinhas, feijão, aveia no armário. Assim que um desses itens acaba, a gente já coloca na lista do mercado e se organiza durante a semana pra comprar. O resto dos itens não perecíveis a gente compra com menos pressa, quando dá. Temperos seguem a mesma regra. Tem os indispensáveis: orégano e pimenta do reino, por exemplo, que uso todos os dias, e os que dá pra ficar uns dias sem, como páprica, cominho a gente compra quando encontra uma brecha. Dos vegetais frescos, pelo menos uma vez por semana eu ou Lucio nos responsabilizamos por abastecer a casa. Sempre que vou na casa da minha mãe, trago toneladas de comida, e não preciso ir na feira ou hortifruti nessa semana. Também ganho muita coisa de uma vizinha, o que tapa um buraco. E, outra dica importante: fique de olho nos lugares que vendem produtos orgânicos mais baratos, itens que vieram da agricultura familiar ou dos assentamentos do MST. E inclua uma passadinha nesses locais sempre que puder. Em resumo, acho importante destinar um dia na semana, e o horário e o local variam de acordo com a vida de cada um, pra comprar vegetais frescos. Sem eles, não dá pra ser minimamente saudável. 
 
Como planejar o que cozinhar
Nos fins de semana, gosto de fuçar blogs e livros de receitas e selecionar algumas ideias pra fazer durante a semana, se já tiver os ingredientes em casa. Marco a página do livro com um marcador ou mando a receita pra mim mesma por e-mail pra não esquecer. Também faço bastante as coisas aqui do blog, que já decorei as proporções, ou adapto pro que tem em casa. Lucio é rebelde e nunca cozinha com receitas, sempre faz coisas da cabeça dele. Não curtimos a ideia de cardápio semanal aqui em casa. Nunca deu muito certo. A gente nunca tinha vontade de comer o que tava escrito no cardápio. 
 
Pré-preparo
Tem muita comida que exige uns processos antes, como o feijão. Não dá pra decidir comer feijão na hora que der vontade porque os grãos precisam ficar de molho. Aqui em casa, todo domingo à noite é a nossa hora de deixar leguminosas de molho pra semana. Coloco no demolho com água, pelo menos, 2 tipos. Lentilha é sempre bom de ter em casa porque cozinha mais rápido que feijão e exige menos tempo de demolho. Depois de cozinhar os feijões, a gente deixa um potinho na geladeira pra comer em até 2 dias depois do preparo e separa outros potinhos pra congelar. Nunca ficamos sem pelo menos uma vasilha de feijão no congelador. Também sempre tenho molho de tomate congelado, pão, mandioca (congelo assim que compro, ainda crua) e polenta. Esses itens salvam em qualquer momento de desespero e correria. Domingo aqui em casa também é dia de deixar algumas pastinhas prontas pros cafés da manhã ou lanches da semana: ricota de gergelim, tofu, patê de berinjela, alguma geleia com uma fruta que já tava passando. Pelo menos um deles sempre tá marcando presença na geladeira. Vamos variando conforme a vontade e o que tiver na despensa. Também recomendo muito sempre ter uma granola caseira (receita nos destaques do Instagram) pronta num vidro pra quebrar o galho de cafés da manhã ou lanches mais apressados. Nas manhãs de segunda-feira, quando costumo estar de mal humor, reservo pelo menos 30 minutos pra fazer leite de coco caseiro, que funciona como uma terapia pra mim. Amo abrir o coco seco com um martelo. É libertador!
 
Cozinhar em casa
Com uma despensa e geladeira abastecidas, não tem drama pra comer em casa. No café da manhã, a gente varia a comida conforme o tempo que temos disponível. Pãezinhos de batata, que exigem pelo menos 25 minutos de forno, ficam pros dias mais tranquilos. Na correria, banana grelhada com granola sempre salva, ou algum pão congelado em fatias, que só exige uma esquentadinha na frigideira. Quando temos pelo menos 30min pra comer com calma, rolam as arepas de milho, batapioca, vitaminas. O almoço geralmente sou eu que faço e consiste em uma leguminosa cozida, arroz ou batatas, e verduras cruas ou refogadas. No lanche da tarde, como alguma fruta, pipoca, torrada com alguma pastinha, uma vitamina, ou um pedaço de bolo, se tiver. Em geral, fazemos bolos nos sábados aqui em casa. De janta, a gente tem o hábito de jogar uns legumes no forno com mil temperos, ou comer alguma massa rápida, sopa, ou restos do almoço. Não tem muito segredo. No inverno, sexta à noite é nosso dia de comer massa e tomar um vinho. 
 
Marmitas
Não tenho o hábito de levar marmita. Como trabalho de casa, costumo almoçar em casa mesmo. Quando tô viajando, tento comer num buffet a quilo barato. Se você almoça todos os dias fora, pode tirar um dia na semana pra organizar suas marmitas. Dê prioridade pra receitas simples e que podem ser consumidas frias: quibe, massa, torta salgada, hambúrguer, etc. 
 
Lanches
Quando vou passar o dia todo fora de casa, sempre levo alguma coisa pra comer no meio da manhã ou no meio da tarde porque nunca tem opções veganas e saudáveis na rua ou são caríssimas. Costumo levar amendoim torrado, alguma bolacha caseira, pipoca, banana, maçã, o que tiver dando sopa em casa. Também gosto de levar chá numa garrafinha de vidro porque sou viciada em chás. 

Horta
Uma coisa importante. Eu cultivo alguns temperinhos na minha varanda e tenho uma horta num canteiro do meu prédio com manjericão, hortelã, cidreira, tomate cereja, alecrim, sálvia, boldo, espinafre. Isso faz com que eu sempre tenha essa carta na manga na cozinha. Nunca preciso lembrar de comprar ervas aromáticas. E todos sabemos que são elas que deixam os vegetais realmente suculentos e deliciosos. Por isso, recomendo muito que você comece a cultivar essas belezinhas se tiver um espaço em casa. Além do mais, é de graça, né? Tem dicas de como começar uma horta em casa nesse post
 
Então é isso. Peço perdão a quem pensou que fosse encontrar um manual de autoajuda aqui, achou que sairia com todos os problemas resolvidos. Mas não tem como ser saudável se você não for você mesmo e respeitar seus hábitos, suas vontades. Essa é a vida. 
 
Não custa reforçar também a importância de compartilhar as responsabilidades das compras, pré-preparos, limpeza, cozinhar, com todo mundo da sua casa. Se você mora sozinho, tenta revezar as marmitas e lanches com os colegas do trabalho. Cada dia um leva pode levar uma porção, etc. 

6 Responses

  1. Que post ótimo, Ju.
    Conheci seu blog por indicação de uma amiga e agora ele tem sido essencial. Estou com uma colite e preciso fazer uma alimentação mais natural possível e já estou cansada de comer arroz, frango, salada e frutas rsrs, e estou aqui salvando as receitas que posso comer.
    Parabéns pelo trabalho, há tempos não via um blog tão bem feito, além de deixar claro que comer é um ato político sim.
    http://larydilua.com/

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